A Leishmaniose Canina é causada por um protozoário sanguíneo denominado Leishmania infantum, transmitido através da picada de fêmeas de insectos do género Phlebotomus, vulgarmente referidos como mosquitos. Após a picada do flebótomo no hospedeiro, os protozoários caso encontrem condições favoráveis ao seu desenvolvimento multiplicam-se e disseminam-se para a pele e órgãos internos.
A atividade destes flebótomos depende das regiões e condições climatéricas. Em Portugal a sua maior atividade ocorre geralmente de Maio a Outubro.
A Leishmaniose Canina é uma zoonose, isto é, uma doença que pode ser transmitida ao Homem pelos Animais.
Como se manifesta no meu animal?
A Leishmaniose Canina manifesta-se na maioria das vezes como uma doença com manifestações cutâneas e/ou viscerais. A leishmaniose canina é geralmente uma doença crónica, cujos sinais clínicos podem desenvolver-se entre 3 meses a alguns anos após a infecção.
Os sinais clínicos são muito variáveis e dependeram se a forma de Leishmania é visceral ou cutânea. As lesões da pele (na forma cutânea) são das mais frequentes, começam com uma perda de pêlo progressiva acompanhada de descamação. Alguns animais desenvolvem ulcerações no nariz e pavilhões auriculares.
A perda de peso e a atrofia muscular são dos sinais mais frequentes quando existe um comprometimento visceral. O crescimento exagerado das unhas e perda de sangue pelo nariz (epistaxis) também podem ser observados.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico precoce é muito importante, pois quanto mais cedo for diagnosticada a doença, menos disseminado estará o parasita, mais sucesso terá a terapêutica e melhor será o prognóstico.
O diagnóstico é essencialmente clínico e confirmado por análises laboratoriais. Os exames laboratoriais parasitológicos destinam-se à pesquisa do parasita e/ou de anticorpos. Simultaneamente devem ser efetuadas análises de sangue e de urina para avaliar o estado geral do animal.
Tratamento
O tratamento de um cão com Leishmaniose deve abordar várias vertentes. Inicialmente estes devem ser estabilizados, principalmente quando está numa fase avançada e em mau estado geral. Deve proceder-se ao controlo do parasita no organismo do cão através de farmacoterapia adequada a cada caso, através de injeções e/ou medicação oral, definida pelo seu médico veterinário.
Infelizmente nalguns casos não é possível a eliminação total da infecção, podendo o animal apresentar recidivas, passados meses ou anos.
A prevenção
A Prevenção é a medida mais importante para a saúde do animal uma vez que os tratamentos existentes não permitem eliminar definitivamente a infecção.
Por vezes os custos associados ao tratamento de Leishmaniose podem facilmente ser superiores ao custo da prevenção da doença durante toda a vida um cão.
De entre as medidas preventivas destacam-se:
– Uso de produtos que diminuem as picadas dos flebótomo nos cães como as coleiras ou pipetas que tenha, esta característica repelente.
– Todos os animais doentes, em tratamento, ou que tenham recuperado de um episódio da doença, devem ser protegidos das picadas dos insectos.
– Vacinação, existem neste momento em Portugal duas vacinas disponíveis.
O rastreio anual desta doença é de suma importância, pois sendo uma patologia crónica e de longo período de incubação o animal não irá manifestar sintomatologia nos primeiros tempos após infecção. Quanto mais precocemente diagnosticarmos, melhor será para o animal e maior o sucesso do tratamento.
Hugo Brancal
Médico Veterinário
Director Clinico da Clinica Veterinária da Covilhã

Médico Veterinário licenciado pela UTAD em 2000, Director Clinico da Clínica Veterinária da Covilhã. Assistente convidado da Faculdade de Ciências da Saude – UBI. Assistente convidado da Escola Superior Agrária- IPCB.