A obesidade é uma doença comum nos nossos animais de companhia e apesar de todos os esforços a sua incidência continua a aumentar.
Tal como nos humanos, o excesso de peso pode ter como consequência a redução da esperança de vida dos animais bem como aumentar a probabilidade de ocorrência de inúmeras patologias como doenças articulares, doença cardíaca e respiratória, problemas hepáticos, alguns tumores, Diabetes mellitus, intolerância ao exercício, aumenta também o risco anestésico e de uma forma geral diminui a função imunitária do animal.
De uma forma simplista o problema da obesidade resume-se a um desequilíbrio: demasiadas calorias e pouco exercício.
No entanto existem variados fatores que predispõem ao risco aumentado de excesso de peso nos animais de companhia: a raça, a esterilização, exercício inadequado devido ao estilo de vida sedentário, a falta de consciencialização dos tutores que não conseguem percecionar o problema e a humanização dos animais.
De facto, os nossos animais estão demasiado humanizados e muitas das vezes convertemos o carinho e afeto em recompensas como snacks, muitas das vezes pouco saudáveis.
Como sei se o meu animal tem excesso de peso?
Recorremos à avaliação da condição corporal (imagem 1), a condição corporal ideal é considerada quando costelas se encontram palpáveis, mas não visíveis, e se conseguimos identificar uma cintura definida observando o animal lateralmente ou dorsoventralmente (observando de cima para baixo).
Se o seu animal de companhia tem excesso de peso deve consultar o seu médico veterinário.
O que podemos fazer?
O mais importante para combater este problema é a alteração do estilo de vida do animal e a alimentação.
Devemos respeitar as doses diárias recomendadas de alimento (use o copo doseador), o alimento deve ser o adequado tendo em conta a idade, o tamanho do animal, estilo de vida e necessidades especiais (ex: esterilização).
Quando o seu animal procurar atenção, brinque com ele, escove-o ou leve-o para um passeio em vez de dar recompensas calóricas. Os snacks não estão proibidos, escolha apenas os saudáveis. Calcule as calorias presentes nos snacks e reduza a quantidade de alimento disponibilizada proporcionalmente.
Faça exercício! O aumento da massa muscular através do exercício pode aumentar o metabolismo basal, logo continua a queimar calorias, mesmo em repouso.
O exercício é mentalmente estimulante, por este motivo, ajuda a evitar a monotonia. Estimula a produção de neurotransmissores como a serotonina e endorfinas que proporcionam uma sensação de prazer e calma e reduzem os níveis de stresse.
Dá a oportunidade aos cães para socializarem com outros cães e humanos, preenchendo a necessidade de companhia.
Passar algum tempo a exercitar os cães também é importante para os humanos, ajuda-nos a queimar calorias também.
Os gatos com acesso ao exterior geralmente fazem mais exercício que os gatos de interior, mas os gatos de interior podem também ser estimulados a realizar exercício: jogue à caçada utilizando brinquedos (ou apenas bolas de papel), disponibilize espaços para o gato trepar, esconda a comida pela casa para o encorajar a “caçar” a comida.
Resumindo, o que os nossos animais de companhia necessitam é AMOR SAUDÁVEL!
Um animal com o peso ideal é mais feliz, necessita de menos cuidados médicos e vai viver mais anos com qualidade de vida!
Juliana Adrião
Médica Veterinária

Mestrado Integrado em Medicina Veterinária no ICBAS em 2010, realizou estágio em Medicina e Cirurgia de Animais de Companhia no Veterinary Teaching Hospital – College of Veterinary Medicine de Knoxville, Tennesse e no The Queen’s Veterinary School Hospital – University of Cambridge no Reino Unido.
Exerceu clínica de animais de companhia de 2010 a 2016 em centros de atendimento médico-veterinário do grande Porto. Em 2016 ingressou na Nestlé Purina.