Na medicina Veterinária, uma das áreas de atuação é a da Medicina Física e Reabilitação Animal. Trata-se de uma valência da Medicina Veterinária que permite dar continuidade a outras especialidades, nomeadamente a Ortopedia, a Neurologia e a Cirurgia, já que muitas das indicações terapêuticas são aplicáveis a condições que se enquadram nestas especialidades. Adicionalmente, nas valências da Oncologia, da Geriatria e até da Medicina Interna podemos também encontrar condições clínicas que podem beneficiar grandemente das modalidades terapêuticas disponíveis, como é o caso da Dor Crónica.
Sendo a Medicina Física e a Reabilitação Animal aplicável às diferentes espécies animais, só um profissional no âmbito da saúde animal, capaz de conhecer as especificidades inerentes às diferentes espécies e às distintas condições clínicas é que deverá poder decidir e atuar. Desta forma, é do âmbito da atuação Médico Veterinária o diagnóstico e a decisão terapêutica, a qual poderá ser executado pelo próprio médico veterinário ou por um enfermeiro veterinário com competências para tal e sempre com a adequada supervisão médico veterinária.
Dentro das modalidades aplicáveis no âmbito da Medicina física e Reabilitação destacam-se:
- as terapias manuais e manipulativas (massagem, quiroprática e osteopatia);
- a cinesioterapia passiva e ativa (exercícios passivos e ativos vários)
- os meios físicos, nos quais se integra a termoterapia superficial, a crioterapia e criopressoterapia, as ondas de choque, a diatermia, os ultrassons, o Laser (sobretudo os mais atuais – Laser classe 4), a eletroterapia, entre outros
- a hidroterapia (marcha subaquática e natação)
- a acupuntura
- outras áreas emergentes, tais como a terapia regenerativa e algumas terapias não convencionais.
Fig.1 – Hidroterapia em marcha subaquática
Cada uma destas modalidades deve ser elegida com base nas suas especificações e indicações terapêuticas, respeitando sempre possíveis e eventuais contra-indicações ou precauções especiais. Para além disso, o momento de introdução de cada modalidade deve respeitar o estado fisiológico atual do animal, o momento da cicatrização em que se encontra, a técnica cirúrgica elegida e as co-morbilidades associadas, isto é, outras condições inerentes ao animal que podem comprometer ou condicionar o plano terapêutico.
Na hora de eleger a melhor solução terapêutica, o médico veterinário olha aos benefícios e às indicações terapêuticas de cada modalidade. Entre os benefícios terapêuticos gerais destas modalidades salientamos aqui:
- O tratamento da dor
- A melhoria na mobilidade geral
- A melhoria na qualidade de vida e bem-estar
- A potenciação e aceleração da cicatrização
- A redução de complicações associadas à imobilização prolongada
- A melhoria na função cardiorrespiratória e muscular
- A melhoria na circulação sanguínea e no retorno venoso
- O encurtamento do período pós cirúrgico
- O restauro da função neurológica e muscular
- A melhoria na postura e no desempenho motor
- A prevenção de posturas compensatórias e antiálgicas
- A redução do peso em animais com excesso de peso
Fig.2- Electroacupuntura
As condições clínicas que podem beneficiar destas modalidades são:
- Pós Cirurgia ortopédica
- Pós Cirurgia de tecidos moles
- Doença osteoarticular
- Artrose
- Artrite
- Doença neurológica
- Discoespondilite
- Hérnia discal (cirúrgica e não cirúrgica)
- Síndrome vestibular
- Traumatismo medular
- Embolia fibrocartilagínea
- Neuropatia
- Patologia miofascial
- Pontos gatilho
- Bandas tensas
- Contraturas musculares
- Dor aguda
- Dor crónica
- Claudicação
- Parésia/plegia
- Inflamação aguda e crónica
- Cicatrização de feridas
- Fraturas
- Tendinopatias
- Obesidade
Os animais de trabalho e de aptidão desportiva também encontram benefício nas modalidades de reabilitação, seja na melhoria da sua performance, seja na prevenção e no tratamento de lesões inerentes à sua atividade diária.
Fig.3- Laserterapia
Caso o seu animal necessite e se enquadre em alguma destas indicações poderá solicitar ajuda ao seu médico veterinário assistente que tratará de encaminhar o seu animal para um médico veterinário com competências nesta área.
Cátia Mota e Sá
DVM, MSc, CCRP, Dipl. Cert Quiroprática Animal
Responsável Serviço Diagnóstico e Tratamento da Dor e Reabilitação Física Animal do grupo Clínica Veterinária das Oliveiras.
Vice-Presidente da APAMV – Associação Portuguesa de Acupuntura Médico-Veterinária.

Médica Veterinária, licenciada e mestre em Ciências Veterinárias pela Universidade do Porto. Acreditada como Canine Certified Rehabilitation Practioner (CCRP) pela Universidade do Tennessee (EUA); Diploma Certificado em Quiroprática Animal pelo College of Animal Chiropractors (CoAC – EUA) e pela Asociación Internacional de Quiropráctica Veterinaria (AIQV – Espanha). Tem ainda competência em “Western Veterinary Acupuncture and Chronic Pain Management”, acreditada pelo Western Veterinary Acupuncture Group (WVAG- UK) e pela Association of British Veterinary Acupuncturists (ABVA, UK). Membro Honorário da Asociación Española de Veterinários Especialistas en Rehabilitación y Fisiatría (AEVEFI) desde 2015. Atual Vice-Presidente da Associação Portuguesa de Acupuntura Médico Veterinária (APAMV).
Dirige o Serviço de Diagnóstico e Tratamento da Dor e Reabilitação Física Animal do grupo Veterinário Oliveiras (do qual é sócia fundadora), em regime de referência, com vários Centros Veterinários Clínicos e Hospitalares da região norte e centro do País. Colabora, desde 2011 com a Improve International na elaboração curricular e lecionação de várias formações pós-graduadas no âmbito da Fisioterapia e Reabilitação Física Animal e Quiroprática Animal destinadas a enfermeiros e médicos veterinários, em Portugal e Espanha. Integra ainda o comité de avaliação do European School of Veterinary Post graduated Studies (ESVPS) para a certificação destes profissionais.
Co-autora no capitulo intitulado “Papel de la Fisioterapia y Rehabilitación en el Manejo del Dolor” no livro “Manejo Práctico Del Dolor en Pequeños Animales “, de Miguel Angel Cabezas (2015) e oradora convidada em vários seminários e palestras no âmbito das suas áreas de atuação.